A Conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP
terminou sem uma decisão sobre quem irá suceder na presidência à Guiné-Bissau,
com os Estados-membros divididos em dois blocos, disseram à Lusa fontes da
organização.
Segundo as mesmas fontes, na discussão do ponto, que
decorreu à porta fechada, a Guiné-Equatorial reclamou para si a presidência da
CPLP entre 2027 e 2029, afirmando ser a sua vez. Do outro lado, o Brasil
assumiu-se como candidato.
Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)
apoiaram a pretensão da Guiné-Equatorial, enquanto Lisboa, Brasília e Díli
mantiveram-se juntos na ideia de entregar ao Brasil a presidência
pós-Guiné-Bissau.
O impasse manteve-se durante horas - sem que os
Estados-membros consensualizassem uma solução - com o ponto que esteve agendado
para o Conselho Ministros, mas que não chegou sequer a ser discutido na sessão
que os chefes das diplomacias dos Estados-membros realizaram na quinta-feira.
A decisão foi adiada para uma próxima reunião da Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), adiantaram fontes da organização à
Lusa, mas nem isso foi comunicado no final dos trabalhos que se atrasaram mais
de duas horas, com a conferência de imprensa final agendada a ser trocada por
uma declaração breve, sem direito a perguntas e sem que este assunto fosse
sequer mencionado.
A XV Conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP
ficou marcada pela ausência do Presidente e do primeiro-ministro portugueses.
Ou seja, pela primeira vez, Portugal não se fez representar ao mais alto nível.
A representação ficou a cargo do ministro de Estado e dos Negócios
Estrangeiros, Paulo Rangel.
O presidente da República terá decidido recusar participar
na XV Conferência dos chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP) devido a este ponto - o único a não ser discutido -
perante a possibilidade da presidência ser atribuída em 2027-2029 à Guiné
Equatorial, que tem sido acusada da violação sistemática de direitos humanos,
noticiou na quinta-feira o Expresso.
Apesar de os estatutos não definirem que a rotatividade da
presidência segue uma ordem alfabética, esta tem sido uma prática normalmente
adotada entre os Estados-membros, mas com algumas exceções.
Numa resposta à Lusa, noticiada na quinta-feira, um
responsável da diplomacia brasileira já afirmava a ambição do Brasil em assumir
a presidência da CPLP após a Guiné-Bissau.
"Tencionamos apresentar candidatura [e] contar com o
apoio dos demais Estados-membros", apontou o embaixador brasileiro Carlos
Sérgio Sobral, Secretário de África e do Médio Oriente do Ministério das
Relações Exteriores, que representou o Brasil no encontro de Bissau.
Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
"Falar da soberania alimentar é falar da dignidade de
vida, é colocar o direito à alimentação como pilar fundamental da agenda de
desenvolvimento", observou Carlos Vila Nova, destacando a importância do
tema escolhido pela presidência guineense.
Lusa
