O Presidente de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova,
justificou o cancelamento da posse da nova Procuradora-Geral da República com
falhas nos procedimentos legais, afastando qualquer contestação à figura
escolhida.
O Presidente de São Tomé e Príncipe afirmou que
cancelou a posse da nova Procuradora Geral da República porque se apercebeu que
havia procedimentos que não foram cumpridos, assegurando que nada teve a ver
com a figura escolhida.
"A posse deveria ser conferida, mas quando dou conta
que havia procedimentos que não foram cumpridos, então era melhor suspender
para que o mal não fosse maior", afirmou o chefe de Estado em declarações
à imprensa, em Bissau, onde participou na cimeira de Chefes de Estado
e Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Carlos Vila Nova assegurou que "é apenas uma questão de
procedimento legal administrativo" e nada "tem nada a ver com a
figura da candidata".
Segundo disseram à Lusa fontes judiciárias e do Governo, na
noite de terça-feira, a Presidência da República são-tomense cancelou a tomada
de posse da juíza Miris Botelho, prevista para a manhã de quarta-feira, sem
indicar uma nova data.
Segundo a fonte, a tomada de posse de Miris Botelho foi
cancelada após uma reunião do Conselho de Ministros, em que a ministra da
Justiça, Vera Cravid, que é magistrada de carreira do Ministério Público (MP),
alertou que a indigitação não havia sido discutida e aprovada pelo Conselho de
Ministros, e o incumprimento deste procedimento violaria os requisitos legais.
"Vamos continuar a pautar por fazer as coisas bem
feitas", disse Carlos Vila Nova, sublinhando que o "mandato do atual
[PGR] caminha rapidamente para o seu término".
Carlos Vila Nova sublinhou que a nomeação da nova PGR
"é de grande responsabilidade como todas as outras", assegurando que
buscou conselhos antes de decidir.
Na quinta-feira (17.07), o Sindicato dos Magistrados do
Ministério Público São-tomense (SIMMPUS) manifestou-se contra a nomeação da
juíza de famílias e menores e presidente do Tribunal de Primeira Instância
desde abril de 2022, Miris Botelho, para o cargo de Procuradora-Geral da
República, defendendo a indigitação de quadros desta instituição.
Em comunicado, o SIMMPUS considera que, na própria estrutura
do MP, "existem vários quadros com competência e experiência reconhecidas,
que se mostram capazes de assumir a enorme responsabilidade inerente às funções
de Procurador-geral da República, garantindo a autonomia e imparcialidade do
Ministério Público face aos restantes poderes do Estado e outros
interesses".
Por isso, o SIMMPUS defendeu que o novo Procurador-Geral da
República seja escolhido a partir dos "quadros pertencentes à Magistratura
do Ministério Público, considerando, naturalmente, a adequação do perfil, a
competência e rigor técnicos e o mérito para o exercício do cargo em questão, à
semelhança das outras Procuradorias Gerais".
No mesmo dia, o maior partido da oposição são-tomense,
Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), também contestou o
processo.
"A recente tentativa de nomeação da Procuradora-Geral
da República para um mandato superior ao da legislatura governativa foi
realizada sem o necessário e prévio diálogo com os partidos da oposição, nem
com as partes legalmente estabelecidas, o que contraria os princípios de uma
governação democrática pautada pela continuidade do Estado e pelo respeito e
colaboração entre as instituições", lê-se no comunicado do MLSTP.
O Presidente são-tomense defende que o tema, além de
urgente, oferece oportunidades para cooperação agrícola, valorização da
produção local, intercâmbio técnico e fortalecimento de cadeias alimentares.
Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Lusa
