O ministro das Finanças
são-tomense afirmou hoje que mais de 60% da população do arquipélago
"continuam sem conta bancária" e a "literacia financeira
continua a ser um entrave", apesar do aumento da inclusão
financeira de mulheres.
Gareth Guadalupe falava
durante um simpósio organizado pelo Banco Central de São Tomé e Príncipe para a
apresentação dos principais indicadores do segundo inquérito para a inclusão e
literacia financeiras no arquipélago.
Segundo o ministro, em
2017, "apenas 24% da população adulta estava incluída
financeiramente", e apesar do aumento para 41% em 2025, ficou-se
"longe da meta dos 70%" prevista na estratégia 2021-2025.
Gareth Guadalupe
sublinhou que, mesmo entre as pessoas que têm contas bancárias, "quase
metade sente baixa satisfação com os serviços oferecidos".
"A literacia
financeira continua a ser um entrave, limitando o uso consciente e
diversificado dos produtos disponíveis. No setor das micros e pequenas
empresas, que representam o coração da nossa economia, apenas 18% estão
formalizados e menos de um quarto têm acesso regular ao setor bancário. O
financiamento contínuo continua a ser o maior obstáculo à sua
sobrevivência", referiu o ministro.
O governante acrescentou
que as remessas dos imigrantes, recebidas por quase metade da população,
"continuam a circular em grande parte por canais informais",
admitindo que a formalização desse fluxo permitirá aumentar "a
segurança e a eficiência", bem como a canalização de recursos adicionais
para o desenvolvimento.
No entanto, Gareth
Guadalupe destacou como "sinais encorajadores" o aumento da inclusão
financeira de mulheres.
"Esse fosso reduziu
em 20 pontos percentuais de 2017 para menos de 5 pontos em 2025. É um avanço
relevante na promoção da igualdade e na valorização das mulheres no sistema
financeiro", sublinhou.
O ministro destacou ainda
outros "potenciais transformadores que o país deve saber aproveitar",
apontando que "mais de 80% da população tem acesso ao telemóvel [...]
"cerca de 68% têm acesso à internet", embora "apenas 24% usa
serviços financeiros digitais", o que apontou como "um grande
potencial a ser explorado".
Por outro lado, referiu
que "a taxa de poupança cresceu", sendo que "70% da população
poupa", embora "a maioria ainda o faz fora do sistema
financeiro".
O ministro disse que os
resultados do inquérito "mostram claramente que a inclusão financeira é
uma poderosa ferramenta de combate à pobreza" e de promoção do
desenvolvimento sustentável, mas também que o país está longe dos objetivos
nesta matéria.
Neste sentido, defendeu
que a próxima Estratégia Nacional de Inclusão Financeira 2030, "terá de
ser ainda mais ousada e pragmática", reforçando três pilares essenciais,
nomeadamente, a digitalização financeira, inclusão das micros e pequenas empresas
e a educação e literacia financeira.
© Lusa
