"É inaceitável a interferência do governo
norte-americano na Justiça brasileira", critica o Presidente brasileiro,
sobre as razões políticas das tarifas impostas ao país pelos Estados Unidos.
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, criticou as razões
políticas das tarifas impostas pelos EUA e considerou ser “inaceitável a
interferência” na justiça brasileira e as sanções aplicadas ao juiz Alexandre
de Moraes.
“É inaceitável a interferência do governo norte-americano na
Justiça brasileira”, lê-se numa nota da Presidência brasileira, publicada na
quarta-feira e assinada por Lula da Silva, na qual se solidariza
com Alexandre de Moraes, “alvo de sanções motivadas pela ação de políticos
brasileiros que traem” a pátria e o povo “em defesa dos próprios interesses”
“Qualquer tentativa de enfraquecê-lo [Poder Judiciário]
constitui ameaça ao próprio regime democrático. Justiça não se negocia”, frisou
o chefe de Estado brasileiro.
Na quarta-feira, os Estados
Unidos impuseram a Lei Magnitsky ao juiz do Supremo Tribunal Federal do Brasil
Alexandre de Moraes, dispositivo que impõe sanções económicas por violações
graves contra os direitos humanos ou corrupção e, poucas horas depois, o
Presidente norte-americano, Donald Trump, assinou o decreto que oficializa
a imposição
de tarifas de 50% a vários produtos brasileiros.
As duas decisões estão intimamente ligadas uma com
a outra e têm como peça central o juiz Alexandre de Moraes, relator do
processo no qual Jair Bolsonaro e o seu núcleo são acusados de tentativa de
golpe de Estado contra Lula da Silva.
Além de ser considerado o “inimigo número um” do
Bolsonarismo, foi também relator do caso no qual o Supremo Tribunal
Federal (STF) decidiu que as plataformas de redes sociais são responsáveis pelo
conteúdo ilegal partilhado pelos utilizadores.
Plataformas norte-americanas como X, Instagram ou
Facebook devem agora remover imediatamente conteúdo ilegal, como, por exemplo,
aquele que defende terrorismo, pornografia infantil, atos antidemocráticos, ou
incita ao ódio, sem esperar pela decisão de um juiz.
Estes dois casos foram usados como justificação dos EUA para
as sanções tarifárias e contra o próprio juiz.
“No Brasil, a lei é para todos os cidadãos e todas as
empresas. Qualquer atividade que afete a vida da população e da democracia
brasileira está sujeita a normas. Não é diferente para as plataformas
digitais”, frisou Lula da Silva.
Segundo Lula da Silva, o Brasil “considera injustificável o
uso de argumentos políticos para validar as medidas comerciais anunciadas pelo
governo norte-americano contra as exportações brasileiras” até porque o país
tem um deficit comercial com os Estados Unidos.
“A motivação política das medidas contra o Brasil atenta
contra a soberania nacional e a própria relação histórica entre os dois
países”, sublinhou o chefe de Estado brasileiro, acrescentando que o país
continua “disposto a negociar aspetos comerciais da relação com os Estados
Unidos, mas não abrirá mão dos instrumentos de defesa do país previstos
na sua legislação”. Lusa
