O multimilionário sul-africano Mark Shuttleworth, dono da
empresa HBD, que detém o maior investimento turístico no Príncipe, diz que
"não deseja ser um fator de discórdia na política".
A empresa HBD Príncipe, do sul-africano Mark Shuttleworth, o
maior investimento turístico no Príncipe, comunicou às autoridades regionais
que decidiu cessar os investimentos e sair da ilha face a acusações de ações
neocolonialistas.
“Como estrangeiro, a linha entre lutar pelo que se acredita
e lutar para impor as nossas crenças aos outros é particularmente ténue.
Acredito que o Príncipe poderia alcançar algo notável se fizesse escolhas
diferentes de todas as outras pequenas nações insulares, mas não estou disposto
a lutar por isso. Não desejo ser um fator de discórdia na política ou na
sociedade do Príncipe”, lê-se numa carta enviada pelo multimilionário ao
Governo Regional desta ilha de São Tomé e Príncipe.
“Se existem fações de liderança fortes que acreditam que o
nosso trabalho é feito de má-fé, com intenções neocoloniais, então seria
melhor retirar-nos por respeito à autonomia do Príncipe. A minha equipa e eu
sentimos que atualmente somos vistos como benfeitores e sacos de pancada,
conforme o que for mais conveniente no momento”, acrescenta Mark Shuttleworth.
A HBD é a maior empresa na ilha do Príncipe com vários
investimentos no setor do turismo, garantindo emprego a quase 80% da população
da ilha, além de apoiar a construção e reabilitação de várias infraestruturas.
Nos últimos meses, a oposição política do Príncipe e alguns
cidadãos contestaram duramente a decisão da empresa de cobrar taxas de acesso a
uma praia na ilha, embora a empresa justificasse que a medida estava prevista
no contrato aprovado pelas autoridades e que visa a limpeza e manutenção do
espaço.
