Primeiro-ministro são-tomense assume diálogo com a HBD
Príncipe para evitar fim do investimento
Empresa HBD Príncipe, o maior investimento turístico no
Príncipe, comunicou às autoridades regionais que decidiu cessar os
investimentos e sair da ilha. Primeiro-ministro disse que mantêm contacto.
O primeiro-ministro são-tomense disse esta quarta-feira que
o Governo manteve contactos preliminares com a HBD Príncipe para chegar a um
entendimento com o investidor sul-africano, que anunciou o fim de investimentos
e saída da ilha do Príncipe.
“É uma questão que toca um parceiro bastante importante na
Região Autónoma do Príncipe, também em São Tomé, [porque] o parceiro também
está em São Tomé, daí que o Governo central já entrou em ação”, declarou o
primeiro-ministro, Américo Ramos.
“É uma questão nacional, já houve contactos preliminares com
o investidor no sentido de criarmos uma ponte de diálogo, para perceber o que é
que está em cima da mesa para atingirmos um ponto de entendimento”, acrescentou
o chefe do Governo são-tomense, que respondia aos jornalistas à saída de uma
reunião de alto nível convocada pelo Presidente da República, Carlos Vila Nova,
sobre o setor da Justiça.
A empresa HBD Príncipe, do sul-africano Mark Shuttleworth, o
maior investimento turístico no Príncipe, comunicou às autoridades regionais
que decidiu cessar os investimentos e sair da ilha face a acusações de ações
neocolonialistas.
“Se existem fações de liderança fortes que acreditam que o
nosso trabalho é feito de má-fé, com intenções neocoloniais, então seria melhor
retirar-nos por respeito à autonomia do Príncipe. A minha equipa e eu sentimos
que atualmente somos vistos como benfeitores e sacos de pancada, conforme o que
for mais conveniente no momento”, acrescentou Mark Shuttleworth.
A HBD é a maior empresa na ilha do Príncipe com vários
investimentos no setor do turismo, garantindo emprego a centenas de
pessoas na ilha, além de apoiar a construção e reabilitação de várias
infraestruturas.
O empresário garante que o objetivo do seu trabalho no
Príncipe, iniciado em 2010, “nunca foi comercial” e por isso não insistirá para
manter os negócios na ilha.
“Por esse motivo, tomei a decisão de solicitar à minha
equipa que procure investidores alternativos que possam levar adiante esses
negócios com melhor aprovação da liderança do Príncipe e discutir o processo
pelo qual encerraríamos graciosamente os investimentos em ecoturismo e
agricultura da HBD no Príncipe. Solicitei à minha equipa que trabalhe com o seu
governo para tornar essa transição, de volta às mãos do Príncipe, tranquila”,
lê-se na carta enviada ao presidente do governo da Região Autónoma do Príncipe,
Filipe Nascimento.
Na terça-feira o presidente do Governo Regional do
Príncipe prometeu tudo fazer para convencer a empresa HBD Príncipe a não
cessar os investimentos e sair da ilha.
“Tudo estamos a fazer e estamos também em contacto com as
autoridades nacionais e vamos fazer de tudo e esgotar todas as vias no sentido
se inverter essa intenção”, disse Filipe Nascimento em declarações à Rádio
Nacional de São Tomé e Príncipe.
O presidente do Governo Regional do Príncipe lamentou
“abordagens tristes e irresponsáveis” dos últimos tempos, que atribuiu a forças
políticas, dirigentes políticos e algumas fontes noticiosas do país contra a
empresa para “tentar tirar dividendos políticos”.
Também a União para Mudança e Progresso do Príncipe (UMPP),
presidida por Filipe Nascimento, lamentou e condenou “as atitudes que afrontam
os investidores” e repudiou “veementemente as acusações, infundadas, caluniosas
feitas de forma leviana, numa tentativa desesperada de manchar a reputação da
empresa HBD, do Governo e a imagem da Ilha do Príncipe”.
Lusa
