Peritos da Comunidade Económica dos Estados da África
Central (CEEAC) concluíram que "não existem provas sérias e
convincentes" sobre uma tentativa de golpe de Estado, declarada pelas
autoridades são-tomenses em 2022, segundo um relatório a que Lusa teve acesso.
Segundo o documento disponibilizado pelo Governo são-tomense
"há, por outro lado, mais elementos que poderiam ter levado à conclusão de
uma instrumentalização e manipulação pelas quais certos líderes militares podem
ser responsabilizados por razões não declaradas".
Em causa está o ataque ao Quartel do Morro, em São Tomé,
ocorrido na noite de 24 para 25 de novembro, após o qual três dos quatro civis
assaltantes - que agiram com a cumplicidade de alguns militares - e um outro
homem, identificado como o orquestrador do ataque e detido posteriormente pelos
militares, foram submetidos a maus-tratos e acabaram por morrer no mesmo dia,
nas instalações militares.
Os peritos da CEEAC apontam que "a responsabilidade por
estas violações cabe aos membros das Forças Armadas claramente
identificados", e referem que "o Estado de São Tomé e Príncipe é
agora obrigado a persegui-los e puni-los".
"Afigura-se importante que, além da responsabilidade
individual dos membros das FASTP, se equacione também a responsabilidade dos
Estado são-tomense, pois, as graves violações contra os direitos de cidadãos
foram cometidas por membros do exército dentro de um quartel militar, uma
instituição sob a autoridade exclusiva do poder público", lê-se no
documento.
A missão internacional da CEEAC esteve em São Tomé de 29 de
novembro a 21 de dezembro de 2022 e refere que a sua estratégia e metodologia
de trabalho basearam-se na "investigação documental e das entrevistas
abertas e indiscriminadas que permitiram reconstruir os acontecimentos".
Lusa/Fim
