São Tomé e Príncipe registou duas mortes relacionadas
com malária nos últimos cinco anos, anunciou hoje a Organização
Mundial da Saúde (OMS), que considera que o país tem feito "avanços
notáveis" no combate à doença.
Segundo dados da organização de saúde pública em África, no
primeiro trimestre de 2025, o país registou 1.293 casos de malária e nenhuma
morte.
"A região autónoma do Príncipe - a menor das duas
ilhas principais que constituem São Tomé e Príncipe - registou apenas três
casos de malária em março de 2025, em comparação com nove no mesmo período do
ano anterior", acrescentou a agência de saúde das Nações Unidas (ONU).
A agência da ONU frisou que, com base neste progresso, o
Programa Nacional de Eliminação da Malária (PNEP), apoiado por si, "está a
liderar os esforços para sensibilizar as comunidades e manter o foco na
superação dos desafios para eliminar a malária".
De acordo com o delegado regional interino da
região autónoma do Príncipe, o médico Wilson Soares, entre 2018 e
2020 não foram registados casos autóctones de malária na região.
"Esta conquista tornou a ilha um foco central da
estratégia de eliminação da malária para 2025", referiu Soares, citado na
nota de imprensa.
Embora a intensificação das medidas integradas de controlo
da malária tenha produzido resultados positivos, colocando São Tomé e Príncipe
na iniciativa E2025 da OMS para a potencial eliminação em 2025, o recente
aumento dos casos de malária atrasou o progresso, lamentou a agência da ONU.
"Em média, foram registados 15 a 30 casos por ano. Em
2024, foram notificados 34 casos", citou.
Este caminho para a erradicação traz, de forma
inerente, a perda da imunidade.
"As pessoas perderam a imunidade à doença e, se não
forem implementadas medidas preventivas, como a pulverização das casas, a
utilização de redes mosquiteiras impregnadas e medidas de higiene e saneamento
ambiental, a doença surge com mais intensidade", explicou a coordenadora
do PNEP, a médica Didiena Vilhete.
O país, com o apoio da OMS, desenvolveu um novo plano para
2023-2027, que visa alcançar zero casos autóctones de malária em Caué e em
cinco outros distritos de São Tomé, bem como na região autónoma do Príncipe até
2027, referiu a ONU.
Para a chefe de saúde pública e controlo de doenças da OMS
no país, Jéssica Veiga Soares, "este objetivo só pode ser alcançado
reforçando a vigilância da doença, implementando uma estratégia forte de
monitorização e avaliação, garantindo a qualidade dos diagnósticos
laboratoriais, implementando o tratamento correto de todos os casos de malária
e assegurando intervenções integradas de controlo de vetores".
Em consonância com o compromisso de eliminação, o Programa
Nacional de Controlo da Malária foi renomeado Programa Nacional de Eliminação
da Malária, "com estratégias redefinidas centradas em intervenções
direcionadas e reativas e marcos epidemiológicos, a nível nacional, começando
pela região autónoma do Príncipe e pelo distrito de Caué, e alargando-se
posteriormente a outros distritos", acrescentou a OMS.
Esta tem sido também uma luta do Governo são-tomense que no
passado dia 02 de agosto, na sua 18.ª sessão ordinária, teve como um dos pontos
na agenda, os "Estudos laboratoriais sobre mosquitos geneticamente
modificados", segundo a nota de imprensa do executivo.
"O Conselho de Ministros orientou o ministro da Saúde a
implementar a certificação de biossegurança (...) para autorizar a continuidade
de estudos em laboratório fechado, com vista à inoculação de moléculas em
mosquitos para uma futura utilização desses vetores no combate à malária",
comunicou o Governo, em comunicado, após a sua reunião. © Lusa
