O ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola
destacou hoje o momento "ímpar" e os acordos assinados durante a
cimeira de negócios EUA-África, que serviu, afirmou, para dar visibilidade aos
países africanos.
José de Lima Massano falava à imprensa no final da cerimónia
de encerramento da 17.ª Cimeira de Negócios Estados Unidos da América-Africa,
coorganizada pelo Governo angolano e pelo Corporate Council on Africa (CCA),
que decorreu, em Luanda, durante três dias.
A cimeira, que contou com mais de 1.500 participantes, entre
os quais chefes de Estado, governantes e empresários, acolheu 490 empresas
angolanas, 202 africanas e 73 americanas, tendo sido assinados nove
instrumentos jurídicos, em vários setores.
Segundo José de Lima Massano, a participação de pessoas de
todas as geografias, mas particularmente do continente africano, revelou a
capacidade de mobilização e organização de Angola.
O governante angolano sublinhou que foram assinados muitos
acordos, mas "mais do que estes acordos, é sobretudo a visibilidade que se
dá aos países, particularmente Angola", naquilo que são "as
oportunidades, os desafios" e a vontade africana "de transformar, de
fazer acontecer".
A cimeira, afirmou, foi "um momento ímpar", bem
como "tudo o resto que vai acontecer nos próximos tempos, com base no que
foi possível demonstrar ser o potencial de uma nação".
Relativamente ao Corredor do Lobito, uma infraestrutura
ferroviária estratégica, que liga o Porto do Lobito, em Angola à República
Democrática do Congo (RDCongo), passando pela Zâmbia, para facilitar o
escoamento de minerais e mercadorias, José de Lima Massano regozijou-se com os
resultados alcançados até ao momento, pretendendo-se agora bons projetos
privados para a captação dos recursos financeiros disponibilizados.
"O corredor já está, o que nós precisamos agora são
projetos de qualidade, que possam capturar os recursos financeiros que estão a
ser disponibilizados, porque não são recursos para financiar investimentos
púbicos, são essencialmente recursos para apoiar iniciativas privadas",
vincou.
José de Lima Massano frisou a existência de um plano diretor
para o Corredor do Lobito, onde se pretende instalar as zonas logísticas, de
produção agrícola, mas é preciso haver iniciativas privadas, capitalizando os
recursos que "felizmente", Angola continua a receber dos EUA, da
União Europeia de muitas instituições multilaterais africanas.
Durante a cimeira foi assinado um acordo entre o Fundo
Soberano de Angola e o empresário israelita Haim Taib para o lançamento de uma
plataforma independente para acelerar investimentos em setores como a
agricultura, infraestruturas, saúde, indústria, educação e inclusão
digital, que visa mobilizar mil milhões de dólares para o Corredor do
Lobito, com investimento inicial de 100 milhões de dólares.
Os países africanos não têm condições de continuar a
assumir as dívidas na forma como são feitas hoje, prosseguiu José de Lima
Massano, enfatizando que existem limitações.
"Mais dívida pode levar-nos a um ponto em que a nossa
capacidade de servir essa dívida começa a ser questionada, mas as necessidades
estão presentes, as infraestruturas têm que continuar a ser desenvolvidas,
então precisamos de trazer o setor privado", defendeu.
Um dos desafios, disse o ministro angolano, continua a ser a
atração de capital privado para a construção de infraestruturas, deixando o
Estado livre de endividamentos.
"Este é o desafio que temos e que vai levar-nos, mesmo
do ponto de vista legal, a fazer reformas, como aconteceu recentemente com o
setor da energia, em que a transmissão, por exemplo, é um serviço que hoje pode
ser prestado pelo setor privado, mas que se coloca, por exemplo, o desafio do
preço", salientou.
"se tivermos um preço abaixo do mercado dificilmente conseguimos atrair este investimento, então temos que encontrar os equilíbrios, em que o serviço está disponível, é acessível, os capitais são empregues, mas rentabilizados. São os equilíbrios que os nossos países têm de encontrar e o caminho que Angola também se propõe fazer", enfatizou.
Lusa/Fim
