O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, acusou
hoje o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tentar "acabar com
o multilateralismo" e garantiu que o resto do mundo não quer "voltar
à Guerra Fria".
Lula da Silva esteve num evento político do Partido
Socialista Brasileiro (PSB), no qual reforçou sua firme defesa do
multilateralismo e da Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o
"unilateralismo" que, segundo ele, o governo norte-americano
"quer impor".
"As negociações coletivas são importantes, fortalecer a
OMC e as Nações Unidas, tudo é importante para defender o mundo",
declarou.
Segundo Lula, "ninguém quer voltar à Guerra Fria",
já que a maior parte do mundo entendeu que "o livre comércio é
necessário" e que "a soberania de cada país deve ser defendida".
Neste contexto, disse que nos Estados Unidos "querem
processar o juiz Alexandre de Moraes", membro do Supremo Tribunal Federal,
"porque ele quer impedir que alguns brasileiros que estão naquele país
façam coisas contra o Brasil todos os dias".
O presidente brasileiro referia-se às restrições de vistos
anunciadas esta semana pelo secretário de Estado norte-americano Marco Rubio,
que serão aplicadas a funcionários estrangeiros que "censurem"
cidadãos norte-americanos ou que residam legalmente nos EUA.
Embora o comunicado que oficializou a decisão não tenha
esclarecido a quem a medida se aplicaria, teme-se no Brasil que ela afete o
juiz Moraes, relator de um processo de golpe contra o ex-presidente Jair
Bolsonaro e também responsável por um processo por desinformação, que bloqueou
temporariamente a rede social X e outras empresas de internet.
Essas decisões judiciais surgiram como resposta à recusa das
plataformas em remover mensagens de ódio e informações falsas sobre o Brasil,
atribuídas a cidadãos brasileiros ligados à extrema-direita e residentes nos
Estados Unidos.
"Ninguém tem que se meter nos assuntos do Brasil e os
brasileiros não devem se meter nos assuntos dos outros", disse Lula sobre
a possível sanção do juiz Moraes.
"Nunca critiquei a justiça deles", que "faz
tantas barbaridades e tantas guerras, que matam tanta gente", acrescentou.
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