por Lusa
O Presidente
são-tomense anunciou hoje que brevemente deverá acontecer o julgamento dos
acontecimentos de 25 de novembro de 2022, que resultaram na morte de quatro
homens no quartel militar na sequência de uma tentativa de golpe de Estado.
"Eu espero
sinceramente, não posso dizer datas porque não dependerá apenas de mim, que
brevemente possamos dar início ao processo de julgamento. Eu acho que é a etapa
indispensável. Sem o julgamento nós não poderemos passar às outras etapas e não
conseguiremos pacificar este país", disse Carlos Vila Nova.
Em causa está o ataque
ao Quartel do Morro, em São Tomé, na noite de 24 para 25 de novembro de 2022,
após o qual três dos quatro assaltantes, civis, que agiram com a cumplicidade
de alguns militares, e um outro homem - identificado como o orquestrador do
ataque e detido posteriormente pelos militares - foram submetidos a maus-tratos
e acabaram por morrer, nas instalações militares.
O Ministério Público
(MP) acusou 23 militares pela morte dos civis e pediu ainda a pena acessória de
demissão das Forças Armadas para todos os acusados, mas o tribunal judicial
remeteu o processo para o tribunal militar, que, até ao momento, reclama condições
para o seu funcionamento.
O Presidente da
República, que foi interpelado pelos jornalistas numa conferência de imprensa
no final de uma visita à Autoridade Geral Aduaneira, sublinhou que o
anterior Governo são-tomense, demitido em janeiro, constituiu o tribunal
militar, mas "não aconteceu mais nada", nomeadamente, não capacitou
os juízes e não criou as condições de trabalho.
Carlos Vila Nova
frisou que, em quatro meses do novo Governo, "progrediu-se muito
mais".
"Temos um caminho
para encontrar uma solução. Há uma estratégia para a capacitação, formação,
equipamento", sublinhou.
O chefe de Estado
são-tomense revelou hoje que, em janeiro, aquando da sua visita a Lisboa, pediu
apoio às autoridades portuguesas, nomeadamente ao Presidente, Marcelo Rebelo de
Sousa, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, para "dar assistência"
ao tribunal militar são-tomense.
Vila Nova disse que
Portugal aceitou prestar assistência, mas a diferença do enquadramento jurídico
relativamente ao funcionamento dos tribunais militares dos dois países não
permitiu avançar, uma vez que em Portugal a instituição funciona como uma secção
do Supremo, enquanto em São Tomé é autónoma.
No entanto, o
Presidente da República assegurou que as Nações Unidas são os principais
parceiros na materialização do funcionamento do tribunal militar para a
efetivação do julgamento.
Por outro lado, o
chefe de Estado são-tomense anunciou que já recebeu um relatório da Comunidade
Económica dos Estados da África Central (CEEAC) sobre estes acontecimentos e
assegurou que já o encaminhou para as autoridades competentes, sem revelar
quais.
