A Federação Moçambicana dos
Empreiteiros (FME) anunciou que cerca de 58 empresas de construção não pagam
salários desde novembro, devido às paralisações aliadas as violentas
manifestações pós-eleitorais na cidade de Maputo, capital de Moçambique.
"Já estamos a ter
dificuldades de faturar porque as empresas não conseguem trabalhar, sobretudo
as empresas que estão a trabalhar na via pública (...), nós já temos uma
situação de 58 empresas que não conseguiram pagar os salários [de novembro],
vêm-se na impossibilidade de pagar, provavelmente, o mês de dezembro",
disse o presidente da FME, Bento Machaila.
O dirigente da Federação
Moçambicana dos Empreiteiros explicou ainda que as manifestações estão a
afetar, "em grande parte", as empresas que operam na região da grande
Maputo, área metropolitana da capital moçambicana.
"Com esta situação de uma
semana de paralisação completa, as empresas seguramente não vão conseguir pagar
os salários de dezembro. As grandes empresas do setor de construção, algumas já
estão a fechar as suas portas por causa desta situação que está sendo criada
pelas manifestações", concluiu Bento Machaila.
Pelo menos 76 pessoas morreram e
outras 240 ficaram feridas por baleamento em Moçambique em 41 dias
manifestações de contestação dos resultados eleitorais, indicou a Organização
Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.
Segundo o relatório divulgado por
aquela plataforma de monitorização eleitoral, que aponta dados de 21 de outubro
a 01 de dezembro, há ainda registo de "mais de 1.700 feridos por causas
diversas", em todo o país, nestas manifestações e uma estimativa de
"mais de 3.000 detenções".
O candidato presidencial Venâncio
Mondlane, que não reconhece os resultados eleitorais anunciados, apelou na
segunda-feira a uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, a partir
de quarta-feira, em "todos os bairros" de Moçambique, com paralisação
da circulação automóvel.
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