O Presidente são-tomense considerou hoje o aumento das taxas
aeroportuárias para 220 euros por passageiro contrário ao desenvolvimento
do turismo do arquipélago, e mostrou-se surpreendido com a aprovação por
despacho, depois de não promulgar um decreto-lei do Governo.
"Parece-me que são objetivos contraditórios. Por
isso, eu, em consciência, achei que não devia fazer, não devia promulgar, mas,
agora, chegado a esse ponto, eu quero daqui instar o Governo a reapreciar esta
situação. Reapreciar e encontrar medidas alternativas para não encarecer ainda
mais ou não custear ainda mais a vida dos cidadãos, nem tão pouco criar
constrangimentos ao desenvolvimento do turismo", disse Carlos Vila Nova.
Questionado pelos jornalistas à margem de uma visita
surpresa aos Serviços de Migração e Fronteiras (SMF), o chefe de Estado
são-tomense reagiu "com surpresa" à forma como o Governo, liderado
pelo primeiro-ministro Patrice Trovoada, lidou com a questão, uma vez que
não promulgou um decreto-lei do executivo submetido à sua apreciação em agosto.
"Não era expectável, eu não esperava que a não
promulgação de um decreto por mim, por razões que eu considerei bastante
válidas, pudesse encontrar fôlego no respaldo da criação de uma resolução do
Conselho de Ministros", declarou Carlos Vila Nova.
O Presidente são-tomense disse que não promulgou o diploma
porque considerou "que as taxas e os valores aí expressos eram elevados e
que prejudicariam de alguma maneira a vida das pessoas".
"Não tendo promulgado realmente estranhei como é que,
por via de uma resolução, se consiga ultrapassar a questão até porque ela
elevou em grande medida os custos das viagens, portanto, com consequências para
os são-tomenses e também para a tão propalada preocupação que nós temos com o
desenvolvimento do turismo, para arrecadar receitas", disse o chefe de
Estado são-tomense.
Questionado se considera a atitude do Governo "como uma
traição", Carlos Vila Nova, disse que basta dizer que "é
estranho" e que está certo "que o Governo saberá reapreciar
o documento" porque "a medida não é propriamente atrativa"
para o turismo que é visto como "uma forma de sustentar, de
desenvolver, arrecadar receitas".
Carlos Vila Nova sublinhou que sendo ele "cidadão que
exerce funções mais altas ao nível do Estado" são-tomense, e não sendo
jurista, vai ouvir pessoas e "depois analisar em consciência" sobre a
eventual nulidade da resolução aprovada pelo Governo, sublinhando que "é
preciso não abrir precedentes".
O Governo são-tomense aprovou uma resolução, que entrará em
vigor a partir de 01 de dezembro, fixando a Taxa de Desenvolvimento Aeronáutico
(TSDA) em 62 euros, Taxas de Segurança Aeroportuário em 28 euros e as Taxas de
Regulação (TR) em 20 euros, que, multiplicando-se por dois nas viagens de ida e
volta, totalizam 220 euros por passageiro em voos internacionais.
Nos voos domésticos para a ilha do Príncipe, as Taxas de
Desenvolvimento Aeronáutico foram fixadas em sete euros, as Taxas de Segurança
Aeroportuário em quatro euros e as Taxas de Regulação em cinco euros, que,
multiplicando-se por dois nas viagens ida e volta, totalizam 32 euros por
passageiros.
Após reclamações de vários são-tomenses, sobretudo nas redes
sociais, responsáveis do Ministério das Infraestruturas justificaram o aumento
das taxas no âmbito do contrato de concessão do aeroporto de São Tomé, por 49
anos a uma empresa privada de investidores turcos, visando a modernização da
infraestrutura.
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