por Lusa
A ministra dos Negócios
Estrangeiros e Cooperação de Moçambique acusou hoje ao Venâncio Mondlane de
proferir discursos que transformam manifestações em "atos de vandalismo,
violência e roubo", pedindo à comunidade internacional "ajuda"
para restabelecer a "estabilidade".
"Os discursos do
candidato Mondlane e seus correligionários criaram o ambiente propício
para a transformação das manifestações - um direito constitucional - em atos de
vandalismo, roubo e violência que se propagou um pouco por todo o país e que
resultou na morte de algumas pessoas, prisões, saques e destruição de
infraestruturas e propriedade alheia", declarou Verónica Macamo.
Venâncio Mondlane apelou a uma
greve geral e manifestações durante uma semana em Moçambique, a partir de 31 de
outubro, e marchas em Maputo em 07 de novembro.
O candidato presidencial designou
esta como a terceira etapa da contestação aos resultados das eleições gerais de
09 de outubro, que se segue aos protestos realizados nos passados dias 21, 24 e
25 de outubro, que provocaram confrontos com a polícia, de que resultaram pelo
menos 10 mortos, dezenas de feridos e 500 detidos, segundo o Centro de
Integridade Pública, uma organização não-governamental moçambicana que
monitoriza os processos eleitorais.
Numa mensagem ao corpo
diplomático acreditado em Moçambique face ao processo eleitoral, Verónica
Macamo acusou Mondlane de convocar manifestações que "desembocaram em
violência, morte e destruição de infraestruturas públicas".
"Os moçambicanos, na sua
maioria e sobretudo os de baixa renda, estão a pagar uma fatura bastante
pesada, chegando a passar fome porque muitos vivem do comércio informal (...)
Preocupa-nos o uso de cidadãos, muitos dos quais adolescentes, para praticarem
atos criminais, que ofendem as normas legais e os bons costumes do nosso
povo", apontou a ministra.
A responsável acrescentou
igualmente que as manifestações convocadas por Venâncio Mondlane
"desencorajam investidores" com consequências para um
"maior empobrecimento" de pessoas consideradas de baixo rendimento.
"Reafirmamos aos parceiros
da comunidade internacional que, apesar da situação do ambiente conturbado
pós-eleitoral caracterizada por tensões, o Governo está empenhado na estabilização
da situação (...) Pedimos aos nossos parceiros de cooperação para nos ajudarem
no restabelecimento da calma, serenidade e estabilidade", declarou a
governante.
O Governo de Moçambique voltou a
pedir "respeito pela lei" e apelou ao diálogo entre os intervenientes
do processo eleitoral.
"O nosso conselho é que
aguardemos pacientemente pela validação dos resultados eleitorais pelo Conselho
Constitucional. Devemos confiar nas instituições que nos termos da lei têm a
missão de dirimir litígios", concluiu Verónica Macamo.
A Comissão Nacional de Eleições
(CNE) anunciou em 24 de outubro a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente
de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975), na eleição
a Presidente da República de 09 de outubro, com 70,67% dos votos.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo
Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos,
extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não
reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo
Conselho Constitucional.
