Os médicos são-tomenses iniciaram hoje uma greve geral por
tempo indeterminado para exigir solução imediata do abastecimento de
medicamentos e consumíveis, que, segundo a presidente do Sindicato, faltam
inclusive para assegurar os serviços mínimos.
"Todos estamos aqui (...). Acho que há adesão a 100%
(...), nós queremos ter condições para trabalhar", disse à Lusa a
presidente do Sindicato dos Médicos (Simede), Benvinda Vera Cruz, que lidera o
grupo de profissionais que estão concentrados no Hospital Central Ayres de
Menezes, o maior centro hospitalar do arquipélago.
Segundo a porta-voz dos médicos, após a entrega do pré-aviso
de greve há sete dias, realizaram-se dois encontros com a ministra da Saúde e
Direitos da Mulher, Ângela Costa, mas não foi possível o entendimento para a
suspensão da greve.
"Nós não podemos dizer que isso foi uma negociação,
porque, quando existe um pré-aviso de greve, a negociação deve ter algum
mediador", disse Benvinda Vera Cruz, desvalorizando as promessas feitas
nos encontros.
"Falou-se o que nós temos estado a ouvir há
alguns meses (...). O medicamento, que é essencial, e consumíveis, nós não
temos até agora", disse a sindicalista.
Benvinda Vera Cruz vincou que "a grave é por tempo
indeterminado", mas os médicos estão disponíveis para negociar "a
qualquer momento que o Governo quiser".
A sindicalista prometeu cumprir serviços mínimos exigidos
por lei em tempos de greve, mas alertou que também não há medicamentos,
sobretudo injetáveis, para o atendimento aos utentes.
No último sábado, o Governo são-tomense promoveu um encontro
alargado, chefiado pelo primeiro-ministro, Patrice Trovoada, com a presença de
vários membros do Governo e antigos ministros da Saúde, e com profissionais,
para definir ações tendentes a melhorar o setor.
Segundo Patrice Trovoada e a presidente do Simede, durante o
encontro não se falou sobre a questão da greve.
"Falámos numa conversa aberta, falámos com o senhor
primeiro-ministro o que estamos a viver no setor da saúde nestes últimos
tempos, que está piorando cada dia que passa", disse Benvinda Vera Cruz,
notando "que houve alguma atenção" da parte de Patrice Trovoada, que
prometeu fazer alguma coisa.
"Mas quando é que vamos fazer? Nós estamos a viver a
situação agora e o problema tem que ser resolvido agora", frisou.
O primeiro-ministro disse hoje não ter certeza quanto ao
início da greve, por ter sido "informado pelo Ministério do Trabalho de
alguns requisitos para a greve que faltavam ser cumpridos".
"A última informação que eu tive é que o sindicato foi
informado de que o pré-aviso não estava a cumprir os requisitos legais e que
para que isso seja cumprido. Penso que não foi corrigido e, se entraram em
greve, o Ministério do Trabalho irá ver como lidar com essa situação",
disse Patrice Trovoada quando questionado pelos jornalistas à margem da
inauguração de um centro de Serviço Público Integrado no distrito de Mé-Zóchi.
Lusa/Fim
