O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou hoje um
acordo técnico para ajuda financeira a São Tomé e Príncipe para implementar um
novo programa de reformas económicas, que dura 40 meses e implica um
"ajustamento orçamental inicial significativo".
"A equipa do FMI e as autoridades de São Tomé e
Príncipe chegaram a um acordo técnico sobre políticas e reformas económicas que
serão apoiadas por um novo programa de 40 meses ao abrigo do Facilidade de
Crédito Alargada, atualizando o acordo alcançado no ano passado", lê-se no
comunicado enviado à Lusa, onde se refere que o programa ainda tem de ser
aprovado pela direção.
No comunicado, o FMI diz que o programa "inclui um
ajustamento orçamental inicial significativo, que protege, ao mesmo tempo, os
mais vulneráveis", e acrescenta que o programa agora acordado inclui
também "reformas de curto prazo no setor da eletricidade e reformas
estruturais, a médio prazo, para facilitar a transição para a energia verde e
desbloquear o potencial de crescimento do país".
O Fundo alerta que "o ajustamento orçamental inicial e
ambicioso é crucial para baixar a dívida pública e reequilibrar a economia sob
uma taxa de câmbio fixa", mas salienta que "é desenhado com cuidado
para proteger os vulneráveis".
Salientando que o programa, que é atualizado de 20 para 25
milhões de dólares (23 milhões de euros), ainda tem de ser aprovado pela
direção, o FMI aponta que "o ambicioso programa de reforma das autoridades
pretende restaurar a estabilidade macroeconómica, ao mesmo tempo que estende as
bases para um crescimento mais rápido e mais inclusivo".
Entre as condições acordadas com o FMI, o arquipélago
lusófono "vai fazer mais esforços para fortalecer a administração fiscal e
aduaneira e para racionalizar as despesas orçamentais, criando espaço para
implementar programas de aceleração do crescimento que vão ajudar a colocar a
dívida pública numa trajetória descendente".
Defendendo a importância do financiamento concessional para
não agravar o endividamento, o FMI salienta que o programa "vai
urgentemente implementar reformas a curto prazo para lidar com a crise no setor
da eletricidade, o que deverá aliviar a pressão sobre a dívida pública e as
reservas em moeda externa".
Entre o caderno de encargos que é apresentado ao governo, o
FMI aponta também que, "para impedir subsídios ilícitos aos combustíveis e
conter os riscos orçamentais, as autoridades vão aplicar o mecanismo de
ajustamento do preço dos combustíveis de forma verdadeiramente automática,
todos os meses".
No ano passado, o crescimento real do Produto Interno Bruto
(PIB) de São Tomé e Príncipe foi de 0,4%, depois de ter crescido apenas 0,2% em
2022.
Nos últimos anos, "o país foi atingido por múltiplos
choques, cujo impacto na economia continua a fazer-se sentir", disse o
chefe de missão do FMI ao arquipélago, Slavi Slavov, citado no comunicado.
O responsável do FMI alerta que o programa só irá para a
frente se São Tomé e Príncipe "implementar várias reformas e confirmar as
necessárias garantias de financiamento dos parceiros de desenvolvimento do
país".
Desde a entrada em funções, em dezembro de 2022, que o
Governo são-tomense tem estado a negociar um programa de crédito com o FMI, mas
as partes não tinham chegado a um entendimento que permitisse ao corpo técnico
do Fundo apresentar uma proposta à direção para aprovação.
Em várias ocasiões o primeiro-ministro são-tomense referiu
que a ausência de acordo com o FMI "tem condicionado a execução do
programa de investimento público e continua a impactar negativamente as
reservas internacionais líquidas", o nível de importações de bens e
serviços e, "em última instância, a atividade económica" do
arquipélago.
Em junho, após uma equipa técnica do FMI terminar uma missão
a São Tomé, Patrice Trovoada disse que não aceitava a proposta para aumentar o
preço do combustível e eletricidade em troca de um acordo financeiro,
para não piorar a situação social no arquipélago.
Lusa/Fim
