O governo de São Tomé
e Príncipe acusou hoje a empresa Tesla STP de má fé nas negociações,
argumentando que houve incumprimento da empresa turca sobre o fornecimento de
energia, demonstrado nas conclusões do Tribunal de Contas.
"O Governo
entende que a atual posição da empresa Tesla não reflete boa-fé contratual,
sobretudo tendo em conta o pleno conhecimento que esta detém sobre o conteúdo e
as conclusões do Tribunal de Contas", lê-se num comunicado de resposta à
comunicação da Tesla, de segunda-feira, de que vai cortar o fornecimento de
energia devido a uma dívida de 7,5 milhões de euros.
Numa longa resposta em
que apresenta a sua versão das comunicações e lamenta a falta de resposta da
empresa, o Executivo são-tomense lembra que o processo começou a 18 de março,
quando "recebeu uma comunicação formal da empresa Tesla STP, notificando
que, para evitar a suspensão imediata do fornecimento de energia elétrica ao
país, deveria ser efetuado um pagamento no valor de 1,5 milhões de euros até às
00h00 do dia 1 de abril de 2025".
O governo explica que
pagou este valor no final de março, mas recebeu nova comunicação, a 08 de maio,
exigindo novo pagamento de 1,5 milhões de euros até 1 de junho.
"Atendendo que o
Tribunal de contas estava a proceder a fiscalização sucessiva/auditoria aos
termos do referido contrato conforme a lei n.º 9/2023 (Lei temporária de
incentivos e benefícios fiscais), que suportou o referido contrato, o Governo
protelou o segundo pagamento conforme exigido pela empresa Tesla, com prazo
limite em 1 de junho", aponta o Executivo.
Depois de vários
pedidos de pagamento, e "não tendo tido nenhuma reação por parte da
empresa em resposta à solicitação do Governo para que se sentasse à mesa de
negociação", na semana passada o governo fez nova tentativa para um
"diálogo e cooperação mútua".
A empresa respondeu,
lamenta o Governo, com a "decisão de suspender o fornecimento de energia a
partir das 00h00 do dia 19 de junho de 2025, justificando que não se sentia
obrigada a negociar com base nas conclusões do Tribunal de Contas, por considerar
que esta entidade teria interpretado erradamente determinadas cláusulas
contratuais".
A empresa, conclui o
Executivo, "manteve uma postura inflexível e desprovida de espírito
cooperativo".
Na segunda-feira, a
Lusa noticiou que a empresa turca Tesla STP anunciou que vai interromper as
operações no setor energético em São Tomé e Príncipe a partir de quinta-feira,
alegando que o Estado lhe deve 7,5 milhões de euros.
A empresa assinou, em
outubro de 2023, uma parceria público-privada (PPP) com o Estado
são-tomense a "fim de fornecer soluções de curto e longo prazo"
para o setor energético do país e transformá-lo num setor mais sustentável e
verde.
No entanto, após
concluída a primeira das três fases do projeto, a Tesla STP diz que "se
viu obrigada a interromper as operações em São Tomé e Príncipe a partir das
00:00 de 19 de junho" devido ao incumprimento com "os requisitos
necessários" expressos no acordo assinado por parte do Estado são-tomense,
que acusa de estar em dívida em 7,5 milhões de euros.
A empresa diz que
"realizou três reuniões de alto nível desde o início de 2025 e escreveu 14
cartas desde 2024 lembrando o Ministério das Infraestruturas e Recursos
Naturais das suas obrigações financeiras e solicitando que as ações
necessárias fossem tomadas para o início dos investimentos da segunda e
terceira fases".
No entanto, a entidade
disse ter recebido uma carta do Ministério das Infraestrutura e Recursos
Naturais, datada de 09 de junho, em que foi informada que o ministério desejava
"uma renegociação do contrato e que nenhuma decisão financeira ou contratual"
seria tomada até que o processo de renegociação estivesse concluído.
Lusa/Fim
