Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento compromete quase 74 milhões de dólares para aumentar a produção de trigo

A agricultura é a espinha dorsal da economia sudanesa, representando 60% do total das exportações nacionais e gerando um terço do seu produto interno bruto.

O Conselho de Administração do Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento aprovou, em 9 de dezembro de 2022, em Abidjan, US$ 73,81 milhões para financiar o Projeto de Produção de Trigo de Emergência do Sudão no âmbito da Instalação Africana de Produção de Alimentos de Emergência do Banco.

A agricultura é a espinha dorsal da economia sudanesa, representando 60% do total das exportações nacionais e gerando um terço do seu produto interno bruto. Emprega mais da metade da força de trabalho do país.

O Sudão, o terceiro maior país em área terrestre, há muito sofre de extrema insegurança alimentar devido a múltiplos fatores, incluindo declínio econômico e hiperinflação, deslocamento populacional induzido por conflitos e más colheitas agrícolas.

Esta situação agravou-se na sequência dos atuais aumentos globais dos preços dos alimentos e da energia, que também atingiram gravemente o país. Os preços do sorgo e do milheto subiram de 150% a 200% desde 2021, enquanto os preços do trigo subiram quase três vezes. Isso ocorre porque 60-70% do trigo consumido no Sudão é importado, principalmente da Rússia e da Ucrânia. Os preços dos fertilizantes também triplicaram, assim como a energia, alimentando assim a inflação.

O Sudão, com a maior área irrigada da África Subsaariana, tem um enorme potencial não apenas para se tornar autossuficiente em trigo, mas também para se tornar um exportador.

Os fundos do Banco Africano de Desenvolvimento ajudarão a adquirir em larga escala e fornecer sementes certificadas de variedades adaptadas ao clima, fertilizantes e serviços de extensão para pequenos agricultores. Espera-se que o projeto mais do que dobre a produção de trigo, de 630.000 toneladas atualmente para 1,52 milhão de toneladas em dois anos. Cerca de 400.000 famílias de pequenos agricultores, 40% deles mulheres, se beneficiarão do esquema. Quase 800.000 trabalhadores casuais também se beneficiarão dos spin-offs ao longo das cadeias de valor de trigo, sementes e fertilizantes.

"O Sudão, com a maior área irrigada da África Subsaariana, tem um enorme potencial não apenas para se tornar autossuficiente em trigo, mas também para se tornar um exportador", diz Nnenna Nwabufo, diretora-geral do Banco Africano de Desenvolvimento para a África Oriental.

O projeto tem como alvo pequenos agricultores, trabalhadores sazonais, produtores de sementes e comerciantes agrícolas nas principais regiões produtoras de trigo do Sudão, como Al-Jazira, Nova Meia, Alto Nilo e Nilo Branco, que têm grandes áreas irrigadas e são mais resilientes às mudanças climáticas.

O Programa Alimentar Mundial no Sudão implementará o projecto.

"O Projeto de Produção de Trigo de Emergência do Sudão (SEWPP) se beneficiará das repercussões e lições aprendidas com projetos anteriores que o Banco financiou no país", disse Mary Monyau, gerente nacional do Banco Africano de Desenvolvimento no Sudão. Entre os projetos bem-sucedidos, destaca-se a iniciativa Tecnologias para a Transformação Agrícola Africana (TAAT) do Trigo (2018-2021), que renovou o setor do trigo sudanês e aumentou os rendimentos de 1,5 para 2,3 toneladas/hectare e a produção de menos de 350.000 toneladas para 1,1 milhão de toneladas em apenas cinco anos (de 2014 a 2019).

O Banco lançou a Facilidade Alimentar Africana de Emergência de 1,5 mil milhões de dólares em maio de 2022 para ajudar os países africanos a evitar uma crise alimentar iminente devido à interrupção do fornecimento de alimentos resultante da guerra na Ucrânia.

Atualmente, o Banco tem 19 operações no Sudão, com um compromisso total de US$ 486,2 milhões. O setor agrícola é o maior beneficiário, com US$ 272,3 milhões em investimentos (56% da carteira).

Distribuído pelo APO Group em nome do African Development Bank Group (BAD).