Na preparação para a eleição em Guiné-Bissau em 23 de novembro, cerca de dois milhões de eleitores estão pensando em quem escolher para presidir seu destino pelos próximos cinco anos. Embora, para a maioria deles, o presidente cessante, Umaro Embalo Sissoco, não deva, sob nenhuma circunstância, continuar seu trabalho destrutivo no topo do Estado, para outros, essa consciência parece menos óbvia. No entanto, não faltam argumentos.
Umaro Embalo Sissoco não foi feito para o poder. Seu desprezo pelas normas democráticas já havia sido percebido após sua vitória contestada em 2019, quando, sem esperar pela decisão da Suprema Corte, finalmente proferida em setembro de 2020, assumiu o cargo de chefe de Estado em fevereiro de 2020. Supostamente para ter encerrado oficialmente seu mandato em fevereiro passado, ele está fazendo isso novamente, apesar de uma segunda decisão do mesmo Tribunal, que marcou sua saída para 4 de setembro de 2025 (em nossa foto, Fernando Dias, que poderia surpreender a eleição presidencial).
Nos últimos 5 anos, o homem que se apresenta como construtor fez mais de cem viagens, muitas vezes inúteis, invadindo as prerrogativas de seu ministro das Relações Exteriores e criando, de fato, confusão sobre o papel deste último dentro do governo. Apelidado de “pássaro-presidente” nesta ocasião, ele também se tornou o “narco-presidente”, após ser autuado em setembro de 2024 em um caso de drogas vindo da Venezuela.
Essa operação levou à apreensão recorde de 2,6 toneladas de cocaína, e Umaro Embalo Sissoco só escapou graças ao seu status de líder no poder. Mas esse episódio não o marcou visivelmente, já que outras descobertas, embora em quantidades menores, ocorreram mais tarde no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, a última datada de 17 de novembro, quando um bissau-guineense, indo para Lisboa, foi pego com 70 cápsulas de cocaína.
Embora a Guiné-Bissau tenha uma longa história de drogas, a chegada de Embalo piorou completamente a situação. Além disso, a decisão deste último de abrir mão de financiamento estrangeiro para a realização das eleições gerais tem sido debatida no país, que em teoria carece de tudo, devido aos recursos limitados do Estado. Como a origem dos fundos locais destinados para fins eleitorais é incerta e o tráfico de drogas aumentou, não é supérfluo ver um paralelo.

Para completar o ciclo, a exclusão planejada dos opositores mais credíveis da votação no final de novembro levou à rejeição da candidatura de Domingos Pereira, alegando que ele se atrasou na apresentação. Ele foi forçado a deixar o país por alguns meses, após um golpe fracassado e a perspectiva de ser responsabilizado por um ato de um presidente que demonstrou disposição em instrumentalizar tudo para seus propósitos políticos.
Os bissau-guineenses precisam entender o que está em jogo nesta eleição geral. Ou bloqueiam o caminho para um segundo mandato para o narcopresidente, votando massivamente em Fernandos Dias, o candidato independente que se aliou ao principal partido de oposição de Domingos Pereira. Ou permitem que Embalo seja reeleito, que não hesitará em revisar a Constituição para consolidar seu poder, graças especialmente a um parlamento que seria conquistado para sua causa.
Paul-Patrick Tédga
Mestrado em Finanças (Universidade Johns Hopkins – Washington DC)