VIH/Sida continua a matar anualmente cerca de 44.000 pessoas em Moçambique

O número de mortes por VIH/Sida em Moçambique manteve-se em cerca de 44.000 em 2024, segundo dados oficiais divulgados hoje e que estimam ainda 92 mil novas infeções, caindo para quase metade em 15 anos.

Os dados avançados pelo secretário executivo do Conselho Nacional do Combate à Sida, Francisco Mbofana, durante a XX Conferência Anual do Setor Privado (CASP), que decorre em Maputo, indicam que, dos cerca de 44.000 óbitos de 2024 – número semelhante a 2023 -, pelo menos 34 mil respeitam a pessoas com idade a partir dos 15 anos.

“Há uma informação que tem passado nos `media` de que o número de novas infeções está a aumentar, mas o número de novas infeções neste país não está a aumentar. Saímos de 170 mil em 2010 para 92 mil em 2024”, disse Mbofana.

“O que concordamos é que esta redução que temos é muito pequena, é insuficiente para alcançarmos os nossos objetivos. Em 15 anos tivemos uma redução muito pequena, mas é uma falácia dizer que o número de novas infeções está a aumentar”, acrescentou o responsável do setor da saúde.

Face ao registo de números elevados de novas infeções em jovens, o secretário executivo do Conselho Nacional do Combate à Sida pediu medidas concretas para os proteger.

“Estes adolescentes e jovens nem deviam ter iniciado relações sexuais. A forma de transmissão sexual neste nosso país, 99% são relações sexuais não protegidas ou fora do casamento. Temos que tudo fazer para proteger estes adolescentes e jovens”, disse Mbofana.

Os dados apresentados pelo Francisco Mbofana indicam ainda que Moçambique é dependente da ajuda externa na luta contra o VIH/Sida, tendo beneficiado, entre 2002 e 2022, de cerca de oito mil milhões de dólares para fazer face a este problema de saúde, dos quais pelo menos 50% são gastos no tratamento.

Nas mesmas declarações, o responsável adiantou que o Governo quer ver o setor privado a apostar em iniciativas que ajudem a combater o VIH, adiantando que o executivo estuda um seguro social de saúde para ajudar a controlar a doença.

“Muitas vezes, quando falamos de recursos internos pensamos sempre nos recursos públicos, mas temos que pensar em outra formas de financiamento, e o setor privado é um dos elementos estratégicos desse pensamento. Mas temos também que pensar no financiamento através das pessoas. E aqui falamos mais dos seguros, e dentro do país há uma discussão sobre a possibilidade de se estabelecer um seguro social de saúde”, disse Mbofana.

Em novembro do ano passado, a Lusa noticiou que o número de mortes por VIH/Sida em Moçambique baixou para cerca de 44.000 em 2023, comparado aos 48 mil óbitos registados em 2022, com o Governo a estimar 81 mil novas infeções no país.

Moçambique é o terceiro país com mais pessoas infetadas pelo VIH e o segundo com mais novas infeções de Sida no mundo, sendo “raparigas adolescentes e mulheres jovens” as mais afetadas, segundo um relatório divulgado em maio no parlamento.

“Moçambique ocupa o terceiro lugar em termos de número de pessoas vivendo com HIV no mundo e o segundo lugar em termos de número de novas infeções”, lê-se no balanço anual do Gabinete Parlamentar de Prevenção e Combate ao VIH, apresentado na I Sessão Ordinária da Assembleia da República, em Maputo.

De acordo com o documento, Moçambique conta com uma estimativa de 2,3 a 2,6 milhões de pessoas a viver com VIH, incluindo 125.000 a 170.000 crianças, contando com uma prevalência da doença de 12,5% em pessoas com mais de 15 anos, “sendo mais alta nas mulheres (15%) que nos homens (9,5%) da mesma faixa etária”.

Lusa

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