"Esta semana ficou provado uma vez mais que a dupla insularidade é um fator que mais tem penalizado o processo de desenvolvimento do Príncipe e o bem-estar da nossa população. Nascer no Príncipe não pode significar, ou ser o sinónimo de, condenação a um interminável sofrimento", referiu Filipe Nascimento.

O Presidente do Governo Regional falava na abertura do IV Fórum da cooperação municipalista da lusofonia, na quinta-feira ao fim do dia, evento previsto para decorrer durante uma semana mas que foi reduzido a um dia já que a maioria dos delegados não conseguiu participar, muitos vindos estrangeiro, porque ficaram retidos em São Tomé, devido à avaria de aviões das duas transportadoras que fazem ligação entre as ilhas.

"As empresas que operam a ligação interilhas revelam-se incapazes de servir o país com qualidade, estabilidade e seriedade. A justiça terá que ser feita [...] fizemos todas as diligências e tentativas na busca de solução alternativa, mas sem efeito, e lamentamos não termos merecido a solidariedade desejada" disse Felipe Nascimento.

A ligação aérea foi retomada na quinta-feira, mas já não a tempo de assegurar a participação das várias delegações no evento.

O líder do Governo Regional, lamentou a falta de solução do Estado são-tomense face ao problema que há décadas tem condicionado o desenvolvimento do Príncipe.

"E porque nestes 48 anos desde a independência, o Estado não apresentou uma solução sustentável para superar as nossas vulnerabilidades enquanto ilhas e garantir a coesão territorial, com consequências incalculáveis para a economia, para o turismo, para a saúde, é chegada a hora de lutarmos para a aquisição dos nossos próprios meios de transportes e sairmos deste marasmo", disse.

Filipe Nascimento manifestou "enorme tristeza e frustração", tendo lamentado "todos os transtornos" vividos pelos convidados nos últimos dias, devido à falta de ligação aérea.

O Fórum de cooperação municipalista da lusofonia é um evento anual que visa promover o intercâmbio de experiências para consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nos territórios com características comum da lingua oficial portuguesa ou galega integrando várias organizações da Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e do Reino de Espanha.

Filipe Nascimento considerou que "o fórum "constitui um motivo de grande orgulho e privilégio para o Príncipe e ao mesmo tempo uma enorme responsabilidade para o Governo Regional" e que "apesar dos contratempos" trará "vários ganhos para o Príncipe, para a economia local, mais visibilidade e mais oportunidades" na região.

Para o líder do Governo Regional o evento "reforça a relevância internacional" da ilha do Príncipe, reserva mundial da Biosfera da Unesco desde 2012, e os debates e conclusões serão "uma bússola" para o ilha melhorar o cumprimento dos objetivos da agenda das Nações Unidas, "com destaque para a melhor proteção contra os efeitos das alterações climáticas".

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