Patrice Trovoada, que hoje visitou a Empresa de Água e Eletricidade (EMAE), disse aos jornalistas que um investidor privado turco "assumiu o risco" e entregou geradores que vão permitir passar da produção atual de 12 megawatts para 22 megawatts, respondendo à procura existente no país.

Segundo o chefe do executivo são-tomense, depois de várias tentativas e de várias propostas que "esbarraram na questão da garantia financeira", houve um privado "que assumiu o risco e que entregou" geradores novos, produzidos em março deste ano, com capacidade de produção de 10 megawatts.

"Estávamos à espera que chegassem mais cedo, mas, por problemas logísticos, só chegaram agora. Esses geradores ao entrarem na rede, vamos poder regressar, antes do final do ano, a 20 megas de produção", estando a equipa da EMAE a trabalhar, igualmente, na recuperação de dois geradores.

"Então, temos 12 megawatts a funcionar, mais 10 que estão aí e vamos recuperar mais dois motores e o investidor tem um plano de investimento de algumas dezenas de milhões de euros, nomeadamente, pedimos que acompanhe a transição energética", declarou, sublinhando que o objetivo do Governo é, até 2030, ter "pelo menos 50% de produção limpa".

Trovoada afirmou que o projeto do parque solar da Lobata, cuja linha será financiada pelo Banco Mundial e que, numa fase inicial, terá uma capacidade de 5 megawatts, vai dispor de um espaço para a produção de mais 15 megawatts, o qual admitiu poder vir a ser entregue a privados.

"As coisas estão a acontecer numa circunstância de altas dificuldades, mas no caminho da solução", disse.

Questionado sobre a possibilidade de uma privatização da EMAE, o primeiro-ministro afirmou que o Governo está "aberto a tudo", desde que seja do interesse da população e do país, não havendo "tabus".

"O que queremos é que os são-tomenses tenham serviços de qualidade", sobretudo em setores essenciais, como no abastecimento de água, eletricidade e transportes, disse, salientando que, a par da resolução dos cortes de energia, o país tem igualmente de aumentar os investimentos para assegurar o abastecimento de água às populações.

Há cerca de duas semanas, a EMAE divulgou um plano de cortes de energia, que preveem, em alguns casos, interrupções durante seis horas por dia, até dezembro, depois de cortes constantes desde o início do mês.

Patrice Trovoada explicou que a quebra abrupta da capacidade de produção se deveu a dificuldades financeiras, de divisas, para importação de peças necessárias à manutenção dos geradores.

"Estamos a chegar a um limite, quase de rutura, que nos levou a cair a 12 megas, quando a procura é de mais ou menos 22, 23 megas", explicou, adiantando que esta situação levou à procura de investidores privados para entrarem num setor que "é estruturalmente deficitário".

Questionado sobre a interrupção das emissões da Rádio Nacional "há mais de 20 dias", alegadamente devido a um curto-circuito que danificou o emissor da estação, o primeiro-ministro disse ter pedido um relatório sobre essa ocorrência, "para ver se havia ou não necessidade" de deixar a população sem emissão.

Além da EMAE, o chefe do Governo são-tomense esteve hoje em contacto com funcionários e técnicos dos Ministérios da Saúde e das Finanças, num esforço para a melhoria de procedimentos entre as várias administrações do país, disse.

Questionado pelos jornalistas, Trovoada adiantou que está a ser finalizado o processo para a eliminação do IVA em alguns produtos da cesta básica, adiantando que os compromissos internacionais, nomeadamente com o FMI, não deixam "muita margem" ao país.

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