São Tomé e Príncipe: Dom Manuel António alerta para crescimento da “violência e impunidade”

user 13-Dec-2022 Nacional

Dom Manuel António, Bispo Emérito de São Tomé e Príncipe alerta para o crescimento de “uma certa cultura de violência e até de uma certa impunidade” nos últimos tempos. No arquipélago desde os anos 90, o Bispo questiona a morosidade da justiça no que à tortura e morte dos quatro alegados suspeitos do ataque ao quartel:  “Se nós temos autoridade, se temos até provas físicas disso o que é que a justiça precisa para para actuar? Porque é que não actua?”

Chegou a São Tomé e Príncipe nos anos 90, foi Bispo do arquipélago de 2007 a 2022 e agora é Bispo Emérito de São Tomé e Príncipe. Atento observador da sociedade são-tomense Dom Manuel António reconhece que “nos últimos anos tem crescido uma certa cultura de violência e até de uma certa impunidade. 

Nós não podemos aceitar de maneira nenhuma que um país de direito mate os seus filhos. Ninguém pode ser morto assim, sem julgamento, sem nada. 

Não entendo, não aceito que um país democrático possa levar à tortura e à morte estas pessoas e até hoje quem foi que fez isso? Que medidas é que se fizeram para julgar essas pessoas? Para avaliar essas pessoas? Falam-me de comissões que vêm investigar, mas eu não preciso de comissões para saber que morreram quatro pessoas, para saber que uma delas foi tirada da sua casa, torturada e morta.”

De partida de São Tomé, Dom Manuel António questiona a lentidão da justiça que no processo de tortura e homicídio de quatro alegados suspeitos ainda não procedeu a detenções: “Está à vista de todos. Acho que é mais do que lógico. Se nós temos autoridades, se temos até provas físicas disso, o que é que a justiça precisa para actuar? Porque é que não actua? Está à espera de quê? Que garantia é que eu tenho de defesa da minha pessoa? É por isso que eu condeno, lamento, fico triste que isto tenha acontecido e que as coisas continuem assim, sem isso eu lamento.”

O Bispo Emérito critica as autoridades políticas do país de continuarem a agenda normal, depois de uma situação suposto golpe de Estado e diz que neste momento a sociedade são-tomense, de uma forma geral, em tem “um certo medo em falar”, na medida em que “toda a gente viu imagens terríveis, foram pessoas com família que acabaram por ser mortas e enterradas em circunstâncias que não são normais para este povo.” 

© Cristiana Soares/ Rfi

 

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